domingo, 9 de fevereiro de 2014

Protestos e Suas Nuances

Inúmeros são os adjetivos que direcionavam aos grupos isolados de manifestantes: Vândalos, baderneiros, desocupados, depredadores do bem privado e público. Imagens dos rebeldes cheios de causas são mostradas nos canais de televisão e narradas demonstrando o total descontentamento e reprovação com a típica pitada de emoção incitando o medo. O resultado alerta para um gama de perigos em participar de novas reivindicações nas ruas. Afinal, como o jogador Ronaldo declarou, não se faz copa com hospitais.

A mídia desde sempre teve o poder intrínseco de orientar, do seu jeito, o rumo de diversas coisas através do modo como isso é transmitido. O ponto de vista mais evidente atrai a grande maioria do público. Isso ocorreu nas muitas manifestações pelo país em meados de julho de 2013. Sofremos com o descaso dos nossos governantes até que, esgotados, fomos aos bandos as ruas cheios de coragem, voz e patriotismo clamar em coro pedindo melhor consideração pelo transporte urbano, saúde, transparência, educação e um fim à corrupção. O povo brasileiro também enfrentou a ira de batalhões de choque agressivos e com total falta de tolerância e empatia aos pedidos de "Sem violência" da população. Como se não bastasse, o desrespeito veio também por parte da imprensa.

Se mesmo assim houver dúvidas, pense em todos esses anos em que vivemos sob os cuidados de uma democracia duvidosa. Aguentamos anos a fio os horários eleitorais gratuitos ouvindo figuras simpáticas e até engraçadas defendendo promessas vazias. De graça, só para eles. Para os cofres públicos, uma perda de mais de 4 milhões nos últimos 10 anos, segundo matéria publicada pela Zero Hora no dia 24 de julho de 2013. Conquistam o poder e são pegos pela doença semelhante a da guerra contra o tráfico de drogas: A corrupção. As duas com a mesma característica de serem uma causa perdida. E não é atoa que de tempos em tempos salários políticos aumentam seus dígitos enquanto a inflação bate à nossa porta. Julgam-se entre eles e dificilmente a justiça realmente é feita por lá. Enquanto isso, ficam de costas viradas para os nossos anseios. Os preceitos democráticos ficam extremamente bonitos usando máscaras ou peles de cordeiro.

Os protestos nasceram, sim, de uma parcela que conseguiu sair do emaranhado do empobrecimento cultural que é mostrado pela soberania para continuar mantendo todos calados e razoavelmente satisfeitos e empurrou outros indecisos pelo caminho para a linha de frente. O sentimento de dever cumprido encheu os brasileiros de orgulho e esvaziou ira guardada por todos os lados, de forma pacífica e brutal. Mantemo-nos no aguardo por um ano que promete eletrizar estruturas que sustentarão a copa e as eleições. A luta tende a ter uma sequência em que vai, definitivamente, mostrar que não existe revolução sem transtornos e país justo sem uma reforma no poder executivo.

Lucas Zeni

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